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O grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação, do curso de Artes Visuais do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará - CEFETCE, formado por alunos, artistas e educadores, como parte do projeto de tese de doutorado A Cidade Como Sala de Aula: Intervenções Urbanas na Arte e Educação, do professor e artista visual Herbert Rolim, escolheu o Bairro do Benfica como local de prática e reflexão sobre Intervenções Urbanas, investigando as possibilidades destas mediarem novos conhecimentos e de potencializarem as relações da arte com outros saberes.

Entenda-se por Intervenção Urbana: arte de interagir com o espaço urbano, levando em conta seu contexto histórico, sociopolítico e cultural, na medida em que inter-relaciona a obra com seu meio, provocando as mais variadas reações. Razão pela qual o bairro do Benfica torna-se extremamente favorável para uma experiência dessa natureza. Situado entre o centro e os bairros que margeiam a cidade, com seus corredores de trânsito, o Bairro do Benfica caracteriza-se pela sua vocação educacional, cultural, esportiva, comercial, política, boêmia, religiosa..., com suas instituições de ensino, bibliotecas, auditórios, teatros, museu, memoriais, centros de cultura, rádio, cinemas, sedes de partidos, parques esportivos, residências universitárias, bares, praças, igrejas, shopping, feira, estação de metrô (em construção) etc. Tudo isso faz com que o Benfica tenha a maior concentração, num só bairro, de equipamentos culturais da cidade, embora não haja uma política de aproveitamento desses recursos.

Dentro desse universo, no dia 13 de dezembro, das 7:00 às 22:00 h, o grupo Meio Fio fará sua primeira Intervenção Urbana na Praça da Feira da Gentilândia, onde aos sábados e domingos acontece uma das feiras mais antigas da cidade, cuja origem data da década de 50. A ação, em consonância com a feira (até meio dia), constará de instalações, grafites, performances, vídeos, oficinas, aulas, entrevistas..., que se estenderão por todo o dia.

Uma brigada de grafiteiros agirá nos muros do CEFETCE, que ladeia a Praça da feira, e estará à disposição dos moradores que queiram ceder as fachadas de suas casas para o trabalho do grupo, criando um clima de mobilização artística.

A idéia é transformar a Praça numa Praça/Casa, para isso o grupo propõe deslocar mobiliários domésticos (sala de visitas, quartos, cozinha, sala de jantar, área de serviço...) para o espaço da Praça, a céu aberto, sem demarcação e de forma aleatória, onde poderão ser ocupados livremente pelo público.

Estes ambientes, incorporados à Praça, acolherão toda a programação da Intervenção. A sala de visitas, por exemplo, receberá personalidades, pesquisadores e artistas ligados ao Bairro, como convidados, para falarem sobre suas experiências. Nos intervalos, a televisão da sala passará vídeos/performances referentes à temática. No quarto, acontecerão leituras de poesia e performances. Próximo a este ambiente, uma instalação com espelhos doados refletirá a paisagem física e social da Praça. Em torno da cozinha, haverá ações interativas envolvendo laboratórios de arte e culinária. Na área de serviços, serão praticadas oficinas de pinturas com materiais orgânicos, encontrados na feira (beterraba, colorau, carvão, café...), além de aula-espetáculo de Cultura Popular.

Em algumas barracas da feira, ao lado de frutas, verduras, especiarias..., estarão disponibilizados livros que poderão ser trocados mediante doação, ou seja, o público leva um livro e troca por outro a sua escolha.

Com esta Intervenção o grupo pretende construir um conhecimento que possa valer acerca de questões da arte e educação e suas inter-relações com o mundo contemporâneo, relacionadas com a globalização econômica, com as imposições da esfera política, com a aceleração dos avanços da ciência e da tecnologia, as formas de comportamento e de “relativismo moral”. Como desdobramento, também leva em conta a importância do Benfica como Pólo Cultural, cujo projeto deve ser retomado, assim como a revitalização da feira da Gentilândia, que se encontra em estado agonizante. Trata-se, portanto, de uma Intervenção cuja responsabilidade social passa por uma compreensão da arte nos dias de hoje e sua inserção no processo de vida e humanização.

Grupo Meio Fio

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